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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Displasia


A Displasia Coxofemoral (DCF) é uma patologia que se caracteriza por uma má formação da cabeça do fêmur e acetábulo devido a uma instabilidade presente na região, levando ao aparecimento de alterações osteoartróticas. Sua primeira descrição em cães foi em 1935 e também já foi diagnosticada em outras espécies como gatos, bovinos, eqüinos, animais silvestres e até o homem. Acomete todas as raças, sendo mais comum nas raças de médio e grande porte, que apresentam rápido crescimento como Pastor Alemão, Fila Brasileiro, Rottweiller, São Bernardo, Labrador entre outras, não apresentando predileção por sexo.
Os cães displásicos nascem com articulações coxofemorais normais, e ocorrem subseqüentemente progressivas alterações estruturais que incluem relaxamento articular, inchaço, desgaste e ruptura de ligamentos, arrasamento da cavidade articular, subluxação da cabeça do fêmur, erosão da cartilagem articular, ossificação subcondral, remodelação da borda acetabular e da cabeça do fêmur, e produção de osteófitos na região periarticular.

Etiologia

Acredita-se que a DCF possui etiologia multifatorial, sendo os seguintes fatores relacionandos com o desenvolvimento da doença:
  • Genético: A DCF possui herança poligênica quantitativa (aproximadamente 18 genes) de herdabilidade média a alta, ou seja quanto maior o grau de parentesco com animais displásicos maior é a probabilidade da prole ser displásica;
  • Nutricional: Dietas com altos índices de energia, proteína e cálcio proporcionam um rápido crescimento e um ganho de peso excessivo (aumenta o peso sobre a articulação) induzindo ao aparecimento da DCF;
  • Massa Muscular Pélvica: Animais com menores proporções de massa muscular pélvica possuem maiores chances de desenvolverem a DCF. Segundo Riser e Shirer os animais que apresentarem índice de massa muscular pélvica [(peso da musculatura pélvica/peso corporal) x 100] menor que 9 irão desenvolver DCF;
  • Alterações Biomecânicas: Forças musculares que atuam na articulação coxofemoral ajudam a manter a cabeça do fêmur encaixada com o acetábulo. Redução, eliminação , ou exaustão das forças musculares levam a uma instabilidade na articulação e subluxação. O rápido crescimento do esqueleto em disparidade com o crescimento muscular também induz o aparecimento da DCF;
Outros fatores como hipotrofia das miofibras do músculo pectínio, alterações que aumentam o volume do líquido sinovial, alterações hormonais (hiperestrogenismo materno), insuficiente síntese proteica, deficiência de vitamina C, excesso de exercícios na fase de crescimento e permanência do animal em pisos lisos que levam a uma instabilidade articular também estão relacionados com o aparecimento da DCF. Deve-se ressaltar que a genética atua como causa principal enquanto os demais fatores podem agravar uma predisposição já existente geneticamente.
Diagnóstico
O diagnóstico da DCF é exclusivamente radiológico. O diagnóstico a partir dos sinais clínicos não é suficiente, pois nem sempre são compatíveis com os achados radiológicos. Portanto não se deve dar um atestado de não displásico apenas pela ausência de sintomas, todos os animais devem ser radiografados.
Para ser radiografado o animal deve ser sedado para facilitar o posicionamento adequado. O animal deve ser colocado em decúbito dorsal com os membros posteriores bem estendidos, paralelos entre si e ligeiramente rotacionados internamente. A pelve deve estar simétrica e a coluna vertebral paralela aos membros.
Existem diferentes técnicas para avaliação da radiografia, as mais usadas são as desenvolvidas pela Orthopedic Foundation for Animals-EUA(OFA), pela Universidade da Pensilvânia-EUA (PennHip), pelo British Veterinarian Association- Inglaterra (BVA) e o Método de Norberg (HD). Para o atestado definitivo os animais devem possuir idade superior a 12 meses pelo BVA e pelo Método de Norberg, e idade superior a 24 meses pela OFA. As fêmeas devem ser radiografadas com pelo menos 30 dias antes ou após o cio, pois a influência hormonal pode causar uma falsa impressão de subluxação.
As estruturas anatômicas a serem analisadas na avaliação radiográfica são: 1-Borda acetabular craniolateral; 2- Margem acetabular cranial; 3- Cabeça do fêmur; 4- Fóvea; 5- Espaço articular; 6- Borda acetabular caudal; 7- Margem acetabular dorsal; 8- Junção cabeça-colo do fêmur; 9- Fossa trocantérica.
Na avaliação radiográfica o animal pode ser incluído nas seguintes categorias de acordo com as alterações presentes:
HD- (equivale aos OFA excellent e good): Animal ausente de DCF. A cabeça do fêmur e acetábulo são congruentes, sendo o espaço articular fechado e regular. Pelo Método de Norberg apresenta apresenta ângulo de aproximadamente 105º (somente como referência);
Excellent hips
HD+/- (equivale aos OFA fair e boderline): Animal suspeito de apresentar DCF, ainda é permitido o acasalamento. A cabeça e o acetábulo apresentam ligeira incongruência respeitando os limites radiográficos. Pelo Método de Norberg apresenta apresenta ângulo de aproximadamente 105º (somente como referência);
Fair hips
HD+ (equivale ao OFA mild): Animal com DCF leve, ainda é permitido o acasalamento. A cabeça e acetábulo incongruentes (mínimo de subluxação), ligeiro arrasamento da cabeça do fêmur. Os sinais de alteração osteoartróticas são mínimos ou ausentes. Pelo método de Norberg o ângulo é aproximadamente 100º;
Mild HD
HD++ (equivale ao OFA moderate): Animal com DCF média. Achatamento da cabeça do fêmur, arrasamento do acetábulo, ossificação subcondral, perda do espaço articular, formação de osteófitos, alterações no colo do fêmur, presença de subluxação. Pelo método de Norberg, apresenta o ângulo maior que 90º;
HD+++ (equivale ao OFA severe): Animal com DCF grave. Presença de luxação, arrasamento severo da cabeça do fêmur e do acetábulo (quase plano), presença de osteófitos em vários pontos, ossificação subcondral, alterações no colo do fêmur. Pelo método de Norberg, apresenta o ângulo menor que 90º;
Severe HD

Sintomas e tratamento

Os sinais clínicos geralmente começam aos 5-8 meses de idade, sendo que em alguns casos não aparecem até os 36 meses de idade. Os sintomas são extremamente variáveis, sendo que os animais podem apresentar dificuldade ao andar, levantar, correr e subir escadas; dorso arqueado, andar cambaleante e claudicação, abrasão das unhas dos membros posteriores; diminuição da amplitude de movimentação dos membros posteriores; atrofia da musculatura dos membros posteriores; sensibilidade local, sendo está exacerbada após exercícios. É importante lembrar que nem sempre existe uma relação entre os sintomas e o grau de displasia que o animal apresenta, isto é animais com displasia severa podem correr, pular e brincar enquanto que animais com displasia leve podem apresentar uma forte claudicação.
Não existe uma cura para a DCF, os tratamentos visam minimizar a dor, combater os sintomas dando uma melhor condição de vida para o animal. Nos casos mais leves recomenda-se a diminuição do peso do animal para reduzir o estresse mecânico sobre a articulação, e fisioterapia (natação) para prevenir ou aliviar o processo inflamatório presente. Nos casos mais graves podem ser usados antinflamatórios não esteróides para o controle da dor, como também podem ser associados precursores de proteoglicanos que são um importante constituinte da cartilagem hialina que forma a articulação. Os tratamentos cirúrgicos incluem osteotomia tripla pélvica (TPO), remoção completa da cabeça e do colo do fêmur, artroplastia completa da articulação, entre outros.

Sorria! Cuide bem do seu gatinho!