Segundo Malin Falkenmark, conselheiro científico sênior do Stockholm International Water Institute(SIWI), metade da população mundial enfrentará falta de água crônica se os atuais hábitos de consumo alimentar continuarem como estão. O consumo sustentável da água significa apostar em dietas nas quais a maior parte da composição alimentar sejam proteínas provenientes de origem vegetal e não animal, como ocorre atualmente.
Em parte do relatório Food Security: Overcoming Water Scarcity Realities, Falkenmark fala sobre segurança alimentar:
“Não teremos água suficiente à disposição para abastecer as demandas atuais de terras agrícolas para produzir alimentos para a população esperada em 2050 se seguirmos as tendências e mudanças no sentido de dietas comuns em nações ocidentais atuais – 3.000 calorias per capita, incluindo 20% das calorias produzidas provenientes de proteínas de origem animal. Haverá no entanto, água suficiente apenas se a proporção de alimentos com base em origem animal for limitada a 5% do total de calorias”.
Isso significa na prática que, para continuarmos a ter água disponível a disposição no planeta, teremos que readequar nossos hábitos alimentares para dietas mais sustentáveis, com menos proteínas de origem animal em sua composição, pois essas fontes alimentares demandam uma quantidade exorbitante de água para sua produção. Investir em dietas ricas em proteínas de origem vegetal é o melhor caminho para garantir e manter os níveis de água potável no planeta, um exemplo é o vegetarianismo estrito, praticado pelos veganos.
Para a Water Foot Print, uma plataforma para conectar diversas comunidades interessadas em sustentabilidade, equidade e eficiência do uso da água no planeta, estes estudos apontam que o aumento previsto na produção e consumo de produtos de origem animal aumentará a pressão sobre os recursos de água doce do planeta. O tamanho e as características da pegada de água na produção destes “alimentos” variam de acordo com os tipos de animais e sistemas de produção. Para se ter uma ideia:
A pegada hídrica de carne de bovinos de corte é de 15.400 metros cúbicos por tonelada, ou seja, para apenas 1kg de carne bovina são necessários mais de 15.000 litros de água. Para os ovinos são necessários 10.400 litros, suínos 6.000 litros, caprinos 5.500, frangos 4.300 litros, ovo de galinha 3.300 litros para cada 1 kg e o leite de vaca, mil litros.
Cada vez mais cientistas apontam que a adoção de uma dieta vegetariana é a melhor opção para aumentar e manter a quantidade de água disponível para a produção de alimentos e eliminar de vez a possibilidade nos riscos de desabastecimento de água e uma futura possível crise alimentar. A dieta vegetariana consome de cinco a dez vezes menos água que a de proteína animal que demanda um terço das terras aráveis do mundo para o cultivo de colheitas para alimentar os animais. Ou seja, a grande esmagadora maioria de soja que plantamos hoje não é para acabar com a fome de humanos, é para alimentar o gado.
Para a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, será necessário aumentar a produção de alimentos em 70% nos próximos 40 anos para atender à demanda na terra, mas atualmente, não temos condições e nem teremos água disponível para atingir tal meta, pois, os mesmos 15.000 litros de água utilizados para criar apenas 1kg de carne bovina, é a mesma e disputada água utilizada para satisfazer a demanda global de energia, que deverá crescer 60% em três décadas.
O vegetarianismo estrito aliado ao veganismo não é bom apenas para o planeta, mas sim para as pessoas que nele vivem. É bom para a saúde, pois elimina diversas doenças relacionadas ao câncer e o coração, mas o mais importante: É bom para os animais, pois são seres sencientes, escravizados para satisfazer os desejos alimentares dos seres humanos.